SIGNIFICADO DAS CAPAS DOS ÁLBUNS
A ideia do ditado popular que diz que
“não se julga um livro pela capa” pode valer para discos também. No entanto,
seja em qualquer tipo de produto, é difícil ignorar o apelo de um bom design,
ilustração ou fotografia que indique ao consumidor o que pode vir naquela obra
e, assim, o instigue a consumi-la.
Há capas tão criativas e originais que
há nove anos foi criado o prêmio Art Vinyl para valorizar o trabalho artístico
das capas de disco de vinil. O organizador e criador do prêmio é o inglês
Andrew Heeps. Segundo ele, “o prêmio Art Vinyl trata de comemorar a ressonância
emocional dos melhores desenhos de capa e homenagear alguns dos heróis
desconhecidos da arte e do design, que oferecem identidade visual para tantas
bandas e artistas".
As capas de disco contribuem para a
construção de um sentido musical, enriquecendo o processo estético. Os anos 60’
foram essenciais para firmar a capa como elemento primordial para o disco. Foi
quando artistas plásticos e fotógrafos penetraram no mercado das gravadoras,
vendendo seus talentos e experimentando concepções visuais inovadoras.
Houve uma tomada de consciência da
importância dos discos e das capas como icônicas. Contudo, geralmente eles são
inseridos na história da música menos por sua visualidade que por sua
sonoridade, ainda que haja reconhecimento estético. Uma vez que se entende o
álbum como a junção disco e invólucro, contendo texto e imagem, fica evidente
que, a partir dos anos 1950, abriram-se caminhos para pensá-lo como uma
possibilidade de forma artística total da contemporaneidade.
A capa de disco é tão importante
quanto o próprio disco – ou, melhor dizendo, não é possível, em muitos casos,
separar um do outro. A capa é um campo que não só reflete a visualidade de cada
época, como também provoca, por meio de seus projetos gráficos, leituras
culturais de um dado momento na carreira do artista.
Por isso, é importante voltar às capas
do passado, para tentar entender o seu lugar em nossa cultura visual e musical.
- October (1981)
A partir do álbum 'October' em diante,
Steve Averill foi o diretor de arte das sessões de fotos para as capas dos
discos do U2.
Ele diz: "De muitas maneiras,
'October', parece ser o primeiro álbum da banda. Tem uma foto da banda, tem o
título do álbum, o nome da banda e a lista de faixas na frente, tudo muito
grande. A capa do álbum mostra a primeira foto colorida da banda em uma capa de
álbum ou single.
Bono: “A capa foi culpa minha. Eu
tinha uma ligação muito forte com Docklands em Dublin. O Windmill Lane ficava
nas docas, e havia lá uma parte em particular que eu ia durante as gravações
para tentar me inspirar. Era um lugar muito especial, tinha uma espécie de
estética industrial. Havia alguma coisa naquela água. Agora é onde ficam os
estúdios Hanover Quay, os nossos estúdios, e é também o centro da nova Dublin.
Mas, na época, não havia qualquer sinal de vida. Apenas um cachorro chamado
Skipper e um cara chamado George, que era o guarda. Creio que o instinto de
fazer a sessão fotográfica lá estava certo, mas não teve o resultado esperado”.
Adam: “Não fazíamos ideia do que era
sermos dirigidos ou estilizados para algo do gênero. Foi tudo muito básico,
juntamos os quatro e tiramos uma fotografia. Na época o Bono gostava daquelas
apresentações estilo anos 60, com uma margem em volta da fotografia e as
listagens das músicas na frente. Muitas pessoas tentaram que mudássemos de ideia.
Alguns representantes da Island Records falaram: “A capa é horrível”. Mas nós
estávamos tão iludidos, nem ligamos”.
Bono: “Quis dar o nome de October
ao álbum. O título veio antes da música. Era a ideia de que tínhamos nascido
nos anos 60, na época em que o materialismo atingia seu ponto máximo. Tínhamos geladeiras
e carros, colocamos gente na lua e todos pensavam que a humanidade era o
máximo. Mas os anos 80 foi um período mais frio. Materialismo sem qualquer
idealismo, o sol sem calor, inverno.
Eu tinha a frase: October and the
trees are stripped bare of all they wear (Outubro e as árvores são despidas de
tudo o que vestem). A música em si é um trabalho meditativo e suave. O Edge ao
piano, tocando umas notas gélidas, e a imagem da perda da inocência, o outono,
as folhas caindo das árvores, e a pessoa fica exposta. Fiquei maravilhado
durante essas sessões em que o Edge tocava piano. Nem sabia que ele era capaz.
E ele também não”.
Capa simples e genial. Alias, foto da banda nas suas capas foi várias
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