SIGNIFICADO DAS CAPAS DOS ÁLBUNS
A ideia do ditado popular que diz que
“não se julga um livro pela capa” pode valer para discos também. No entanto,
seja em qualquer tipo de produto, é difícil ignorar o apelo de um bom design,
ilustração ou fotografia que indique ao consumidor o que pode vir naquela obra
e, assim, o instigue a consumi-la.
Há capas tão criativas e originais que
há nove anos foi criado o prêmio Art Vinyl para valorizar o trabalho artístico
das capas de disco de vinil. O organizador e criador do prêmio é o inglês
Andrew Heeps. Segundo ele, “o prêmio Art Vinyl trata de comemorar a ressonância
emocional dos melhores desenhos de capa e homenagear alguns dos heróis
desconhecidos da arte e do design, que oferecem identidade visual para tantas
bandas e artistas".
As capas de disco contribuem para a
construção de um sentido musical, enriquecendo o processo estético. Os anos 60’
foram essenciais para firmar a capa como elemento primordial para o disco. Foi
quando artistas plásticos e fotógrafos penetraram no mercado das gravadoras,
vendendo seus talentos e experimentando concepções visuais inovadoras.
Houve uma tomada de consciência da
importância dos discos e das capas como icônicas. Contudo, geralmente eles são
inseridos na história da música menos por sua visualidade que por sua
sonoridade, ainda que haja reconhecimento estético. Uma vez que se entende o
álbum como a junção disco e invólucro, contendo texto e imagem, fica evidente
que, a partir dos anos 1950, abriram-se caminhos para pensá-lo como uma
possibilidade de forma artística total da contemporaneidade.
A capa de disco é tão importante
quanto o próprio disco – ou, melhor dizendo, não é possível, em muitos casos,
separar um do outro. A capa é um campo que não só reflete a visualidade de cada
época, como também provoca, por meio de seus projetos gráficos, leituras
culturais de um dado momento na carreira do artista.
Por isso, é importante voltar às capas
do passado, para tentar entender o seu lugar em nossa cultura visual e musical.
- War (1983)
Embora a banda novamente tenha
escolhido Peter Rowan para estrelar a imagem da capa de seu álbum War de 1983,
essa não era sua intenção original.
Steve Averill lembra que eles primeiro
pretendiam usar uma representação mais óbvia da guerra para a obra de arte.
“Estávamos vendo muitas imagens de
guerra diferentes de diferentes fotógrafos de guerra, tentando descobrir a
melhor forma de retratar uma cena de guerra. Então pensamos que mostrar
apenas uma cena iria limitar isso. Então me lembrei de ter visto uma foto de
crianças no Gueto de Varsóvia sendo cercadas, e havia um menino com uma
expressão semelhante a "Por que essa coisa terrível está acontecendo
comigo?"
Usando essa imagem como um trampolim,
nasceu a ideia da capa do álbum War.
A capa é um símbolo de como a banda
havia progredido. Apresenta uma foto mais 'agressiva' de Peter Rowan, a
mesma criança que havia aparecido anteriormente na capa de ‘Boy’, só que agora
mais velho, seu lábio está cortado e ele parece estar parado em frente a uma
parede de tijolos. Seu olhar não é mais inocente - ele está quase acusando
o espectador, como se estivesse sendo colocado contra a parede como um
prisioneiro.
A imagem poderosa foi usada como pano
de fundo durante as datas da turnê de 1983 do U2. As sessões que
produziram esta foto também renderam a eventual capa de 'The Best of U2
1980-1990'. Vale ressaltar que Peter também se tornou um fotógrafo
profissional.
Foto de Peter Rowan: Ian Finlay.
Fotografia da banda: Anton Corbin.
Design: RX.
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