SIGNIFICADO DAS CAPAS DOS ÁLBUNS
A ideia do ditado popular que diz que
“não se julga um livro pela capa” pode valer para discos também. No entanto,
seja em qualquer tipo de produto, é difícil ignorar o apelo de um bom design,
ilustração ou fotografia que indique ao consumidor o que pode vir naquela obra
e, assim, o instigue a consumi-la.
Há capas tão criativas e originais que
há nove anos foi criado o prêmio Art Vinyl para valorizar o trabalho artístico
das capas de disco de vinil. O organizador e criador do prêmio é o inglês
Andrew Heeps. Segundo ele, “o prêmio Art Vinyl trata de comemorar a ressonância
emocional dos melhores desenhos de capa e homenagear alguns dos heróis
desconhecidos da arte e do design, que oferecem identidade visual para tantas
bandas e artistas".
As capas de disco contribuem para a
construção de um sentido musical, enriquecendo o processo estético. Os anos 60’
foram essenciais para firmar a capa como elemento primordial para o disco. Foi
quando artistas plásticos e fotógrafos penetraram no mercado das gravadoras,
vendendo seus talentos e experimentando concepções visuais inovadoras.
Houve uma tomada de consciência da
importância dos discos e das capas como icônicas. Contudo, geralmente eles são
inseridos na história da música menos por sua visualidade que por sua
sonoridade, ainda que haja reconhecimento estético. Uma vez que se entende o
álbum como a junção disco e invólucro, contendo texto e imagem, fica evidente
que, a partir dos anos 1950, abriram-se caminhos para pensá-lo como uma
possibilidade de forma artística total da contemporaneidade.
A capa de disco é tão importante
quanto o próprio disco – ou, melhor dizendo, não é possível, em muitos casos,
separar um do outro. A capa é um campo que não só reflete a visualidade de cada
época, como também provoca, por meio de seus projetos gráficos, leituras
culturais de um dado momento na carreira do artista.
Por isso, é importante voltar às capas
do passado, para tentar entender o seu lugar em nossa cultura visual e musical.
- The Unforgettable Fire (1984)
The Unforgettable Fire foi
lançado em 1 de outubro de 1984. O álbum teve o seu nome e muita da sua
inspiração a partir de uma exposição itinerante de pinturas japonesas e de
desenhos do Museu da Paz em Chicago por sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki,
no Japão.
The Edge conta como o U2 escolheu a
capa do disco 'The Unforgettable Fire', de 1984:
"Passamos alguns dias viajando
pela costa ocidental da Irlanda com o Anton Corbijn e descobrimos locais muito
interessantes. Havia um livro que o Steve Averill, o designer das capas dos
discos do U2, tinha descoberto, e que achava ser um bom ponto de partida, e
tiramos fotos na frente de alguns castelos em ruínas. Era apropriadamente
ambíguo e tinha certo misticismo irlandês que nos aguardava. Algo relacionado
com a decadência, a história, maus construtores, questões sobre onde tínhamos
estado, o fim de uma coisa e o início de outra. Estava tudo lá, na fotografia
do castelo. Infelizmente as pessoas partiram do princípio que as ruínas da capa
do álbum eram do Slane Castle”.
O empresário do U2 da época, Paul McGuinness, fez uma revelação interessante: "A fotografia do Anton Corbin era basicamente um aproveitamento da fotografia de uma outra pessoa (uma fotografia do castelo de Moydrum, no condado de Westmeath, que é a capa do livro In Ruins: The Once Great Houses of Ireland de Simon Marsden). O Anton colocou a máquina exatamente no mesmo local e usou a mesma técnica de filtragem solar, a única diferença é que os quatro membros do U2 estão na foto. Aquilo nos custou caro – o Anton prometeu não voltar mais fazer isso." A banda teve que pagar uma indenização.
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