SIGNIFICADO DAS CAPAS DOS ÁLBUNS
A ideia do ditado popular que diz que
“não se julga um livro pela capa” pode valer para discos também. No entanto,
seja em qualquer tipo de produto, é difícil ignorar o apelo de um bom design,
ilustração ou fotografia que indique ao consumidor o que pode vir naquela obra
e, assim, o instigue a consumi-la.
Há capas tão criativas e originais que
há nove anos foi criado o prêmio Art Vinyl para valorizar o trabalho artístico
das capas de disco de vinil. O organizador e criador do prêmio é o inglês
Andrew Heeps. Segundo ele, “o prêmio Art Vinyl trata de comemorar a ressonância
emocional dos melhores desenhos de capa e homenagear alguns dos heróis
desconhecidos da arte e do design, que oferecem identidade visual para tantas
bandas e artistas".
As capas de disco contribuem para a
construção de um sentido musical, enriquecendo o processo estético. Os anos 60’
foram essenciais para firmar a capa como elemento primordial para o disco. Foi
quando artistas plásticos e fotógrafos penetraram no mercado das gravadoras,
vendendo seus talentos e experimentando concepções visuais inovadoras.
Houve uma tomada de consciência da
importância dos discos e das capas como icônicas. Contudo, geralmente eles são
inseridos na história da música menos por sua visualidade que por sua
sonoridade, ainda que haja reconhecimento estético. Uma vez que se entende o
álbum como a junção disco e invólucro, contendo texto e imagem, fica evidente
que, a partir dos anos 1950, abriram-se caminhos para pensá-lo como uma
possibilidade de forma artística total da contemporaneidade.
A capa de disco é tão importante
quanto o próprio disco – ou, melhor dizendo, não é possível, em muitos casos,
separar um do outro. A capa é um campo que não só reflete a visualidade de cada
época, como também provoca, por meio de seus projetos gráficos, leituras
culturais de um dado momento na carreira do artista.
Por isso, é importante voltar às capas
do passado, para tentar entender o seu lugar em nossa cultura visual e musical.
- Boy (1980)
Em outubro de 1980, o primeiro álbum
do U2, Boy, foi lançado na Europa. Na capa estava a imagem de um
menino sem camisa (Peter Rowen, de seis anos, irmão do amigo de Bono, Derek
Rowen, também conhecido como Guggi e membro do The Virgin Prunes, uma banda que
era amiga e colaboradora do U2, que também apareceu na capa
do Three EP em 1979). Mas quando chegou a hora de
lançar Boy na América do Norte no início de 1981, havia a preocupação
de que a imagem pudesse ser mal interpretada. A Island Records temia que a foto
tivesse “conotações de pedofilia”.
A Island Records teve a tarefa de colocar uma nova capa para ‘Boy’ para o mercado norte-americano. Uma capa estilizada em preto e branco foi desenvolvida usando imagens “esticadas” dos membros da banda. Essa capa alternativa foi usada em todos os lançamentos na América do Norte até 2008, quando, como parte de uma campanha de remasterização, Boy foi relançado em todo o mundo - incluindo a América do Norte - com a foto original de Peter Rowen.
De forma
semelhante, a imagem "esticada" alternativa também foi usada para o
lançamento do single "I Will Follow" em março de 1981 na América
do Norte, enquanto os singles europeus de "I Will Follow"
tinham uma foto diferente de Rowen originada do verso do LP Boy.
Verso Single 7" I Will Follow (Blue Festival Sleeve) - Nova Zelândia 1981
Verso Single 7" I Will Follow (Poster Sleeve) - EUA 1981
Frente (Poster Sleeve) - EUA 1981
Verso (Poster Sleeve) - EUA 1981
Publicada apenas na Irlanda em seu
novo selo CBS, a arte da capa de 'Boy' apresenta fotos de um menino jovem e
angelical para ilustrar as canções de inocência. As fotos foram tiradas por
Hugo McGuinness.
A imagem resumia as canções, que
falavam da mudança da vida da inocência para a experiência - como diz a canção
I Will Follow: “ Um menino se esforça para ser homem / Sua mãe o pega pela
mão / Ele pára para pensar e começa a chorar / Oh, por quê?”.
Peter Rowen disse ao New York Post que
a sessão foi feita na casa do fotógrafo Ian Finlay: “A esposa dele fez sopa,
que eu não gostei. Quando voltamos para a cidade, Bono estava dirigindo e
quase bateu na traseira de outro carro”.
Ele continuou: “Imagino que toda a
ideia de Boy seja a inocência da juventude. War mostra uma criança com aparência
muito mais perturbada, e acho que mostra o que o mundo pode fazer a uma criança
- a perda da inocência”.
Imagens semelhantes de Rowen foram usadas nas capas individuais dos singles Two Hearts Beat As One e New Year's Day, e algumas fotos da sessão original de Boy foram usadas quando o U2 lançou The Best Of 1980-1990, em 1998.
Fotografias do U2: Ian Finlay.
Fotografia de “Peter Rowen”: Hugo
McGuinness.
Projeto: Bruno-Christian Tilley.
Verso Single 7" Two Hearts Beat As One - França 1983
Sobre a capa do álbum Boy ter levado a conotações de pedofilia, isto vem do falso conservadorismo e moralismo, onde se condena tudo, mas "nas sombras", como a canção do U2, se faz o contrario. Tipico do conservadorismo atual. Imagine o que se pensou em Twilight na parte In the shadow boy meets man (shadow)- (Na sombra o garoto encontra o homem (sombra)).
ResponderExcluir