DISCOGRAFIA COMENTADA
NO LINE ON THE HORIZON
Uma
lacuna de quase quatro anos e meio entre os discos de estúdio apenas despertou
o apetite dos fãs famintos do U2 em todo o mundo em 2009. Quando a banda
retornou com No Line On The Horizon, a reação gerou vendas físicas de US $ 5
milhões numa época em que a indústria já namorava com a música digital. Alguns meses
depois a banda quebrou o recorde da maior bilheteria da história da música com
sua U2360º Tour, os mestres da renovação criativa conseguiram novamente.
Durante
o ano de 2005, um ano depois de How To Dismantle An Atomic Bomb, com a turnê “Vertigo”
4,6 milhões de pessoas viram o U2 tocar. Foi totalmente incrível, mas sua
próxima turnê faria esse recorde irrisório. Por outro lado, 2005, eles abriram
um evento que foi transmitido ao vivo do Hyde Park, em Londres, para metade do
planeta. A banda declarou o ‘Live 8’ aberto ao tocar “Sgt. Pepper’s Lonely
Hearts Club Band” com Paul McCartney.
Em
2006, houve uma nova glória multiplatina com a compilação U218 Singles, que
venderam 2 milhões de cópias e deram à nova geração a chance de acompanhar 18
dos momentos mais indeléveis do quarteto. Foram incluídas nessa coleção duas
novas músicas que eles gravaram no Abbey Road Studios durante uma semana de
setembro de 2006 (“The Saints Are Coming” and “Window in the Skies”).
Enquanto
o U2 sempre divertia seu público, com covers surpresas em seus shows, uma nova
versão em disco é uma raridade. Mas agora eles regravaram "The Saints Are
Coming", uma música de 1979 dos escoceses Skids, em colaboração com o
Green Day. Sempre na linha de frente das boas causas, os lucros foram para o
Music Rising, a instituição de caridade fundada por The Edge para ajudar os
músicos de Nova Orleans, depois dos desastres dos furacões Katrina e Rita. A
outra nova música era uma composição original, "Window In The Skies",
para a qual o notável vídeo incluía ícones como Louis Armstrong e David Bowie,
Keith Richards e Jimi Hendrix, aparentemente cantando e tocando juntos.
Em
2007, o U2 estava gravando novamente, para o que seria seu 12º álbum. A
princípio seria um disco que empreenderia uma mudança. Primeiro o formato.
Seriam lançados dois EPs. E depois por a banda estar trabalhando com o
produtor Rick Rubin. Essa intenção de inovar pode até ser sentida
sutilmente em algumas faixas, mas, no fim, optou-se pelo convencional. Os EPs
foram condensados em um álbum e os produtores Brian Eno e Daniel Lenois,
antigos colaboradores da banda, foram chamados para substituir Rubin, cujas
sessões pouco foram aproveitadas.
O
primeiro lugar foi diferente e exótico, em Fez, Marrocos, com seus confidentes
de produção desde os anos 80, Brian Eno e Daniel Lanois, agora também como
co-compositores. Sete das 11 músicas do álbum foram assinadas juntas por todas
eles, enquanto os sabores do norte da África enriqueceram o caldeirão com um
novo experimentalismo.
O
trabalho continuou em vários estúdios ao redor do mundo, junto com o estúdio da
banda, Hanover Quay, em Dublin, e depois no Platinum Sound, em Nova York. Indo
além da data de lançamento prevista, eles mais uma vez se mudaram para o
Olympic Studios, o famoso local no sudoeste de Londres onde Hendrix, Stones,
The Beatles e muitos outros já gravaram.
Lá,
com outro aliado de confiança, Steve Lillywhite, juntando-se à produção, os
retoques finais do álbum foram adicionados em dezembro de 2008. A satisfação
com a conclusão do projeto de gravação foi contrastada pela triste notícia da
morte de Rob Partridge, um dos primeiros aliados da banda na Island Records no
final da década de 1970. No Line On The Horizon foi apropriadamente dedicado a
ele. Outro parceiro de longa data, o fotógrafo e cineasta Anton Corbijn,
literalmente acrescentou outra dimensão à experiência ao fazer o filme Linear,
com uma hora de duração, que acompanhou vários formatos do lançamento.
Em
fevereiro de 2009, nas semanas que antecederam o lançamento do álbum, o U2
lançou "Get On Your Boots" na temporada de premiação. Eles se apresentaram
naquele mês no Grammy, Brits e Arias. Eles ainda fizeram um miniconcerto no telhado
da sede da BBC em Londres. E pela primeira vez de uma banda, uma semana inteira
no programa de TV americano "Late Night With David Letterman".
O
resultado líquido foi o sétimo número 1 da banda nos Estados Unidos e o décimo
no Reino Unido, alcançando o nível de Madonna e Rolling Stones. Apenas Elvis e
The Beatles tiveram mais. Havia três indicações ao Grammy, e a revista Rolling
Stone fez do No Line on The Horizon seu álbum de 2009, descrevendo-o como o
melhor trabalho da banda desde Achtung Baby.
O U2 está de volta, e certamente
é o U2 do século 21. Dificilmente o U2 terá novamente a cara dos anos 80 como
ainda esperam algumas pessoas. Na verdade, em três décadas, o U2
caracterizou-se de formas diferentes, muito embora a forma politizada de ver o
mundo tenha sido a mesma em todas as fases. Algumas vezes mais ácida, como na
primeira metade dos anos 80, outras menos, leia-se fase Pop nos anos 90, e
depois como ativistas e permanentes engajados em políticas humanitárias nos
anos 2000.
A verdade é que qualquer um que
espere que o artista ou banda volte à fase clássica terá que esperar sentado. A
música evolui, os temas são outros e a própria necessidade do artista é diferente.
Em “No Line on The Horizon”, a
banda está mais relaxada, porradas como “Vertigo” do álbum anterior não dão as
caras no novo lançamento. Em compensação, discursos políticos, de guerra e de
respeito ao planeta estão lá.
Quem se assustou com o primeiro
single, “Get on Your Boots”, uma mistura de Beatles com o próprio som
do U2, mas que “sem dar liga”, vai se impressionar com a qualidade de músicas
como a faixa título. “No Line on the Horizon”, é uma bonita balada romântica,
ao contrário do que se imagina tratar a música em um primeiro momento. Ou ainda
no segundo single do álbum “Magnificent”, que remonta a atmosfera noventista do
grupo, com direito à participação de Will.I.Am (The Black Eyed Peas) nos
teclados.
Em “Moment of Surrender”, com
seus longos sete minutos, temos outro momento agradabilíssimo, percebemos uma
ode ao próprio U2, recheada de referências musicais da própria banda. Assim
como em “Unknow Caller”, grande faixa que faz o ouvinte pensar em sua provável
versão ao vivo, que também é temperada com o sabor dos anos 80, onde os
antigos “Oôoôoo” estão de volta. Em tempo, a ode acontece inclusive ao próprio
disco novo, no caso da música “Fez - Being Born” que cita a cidade onde parte
do álbum foi gravado e auto referencia o próprio álbum.
Em termos de faixas mais
agitadas, temos “I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight”, um dos melhores
momentos, que chega a lembrar o som feito no grande álbum “All That You Can
Leave Behind”, um rock de refrão empolgante e pegajoso, que leva o ouvinte a se
perguntar o porquê do disco não ter mais momentos como esse.
Outro grande momento é o discurso
político de “Stand Up Comedy”, que faz lembrar John Lennon com “Power To The
People”, a letra tenta sacudir o povo em busca de um mundo melhor. Entre “White
Snow” e a faixa que encerra o álbum “Cedars of Lebanon”, duas músicas com
temática voltada para guerra, que musicalmente deixam um pouco a desejar, está
a angustiante canção “Breath”, que é um dos raros momentos mais roqueiros do
disco, e poderia muito bem ter sido escolhida para encerrar o álbum.
No
Line On The Horizon foi um trabalho de maturidade calculada, infinitamente
capaz de criar um impactante rock em grande escala, com
"Magnificent", "Get On Your Boots" e "Breathe".
Mas, no outro extremo da escala, músicas como "Moment Of Surrender" e
"White Snow" eram reflexões profundas carregadas de 30 anos de
experiência em composição e gravação.
Logo
após o lançamento do álbum, Bono disse ao jornal The Guardian sobre a letra da
música "Cedar of Lebanon". "Escolha seus inimigos com cuidado,
porque eles o definirão", cantou em um verso da música. “Isso explica
quase tudo. O U2 escolheu alvos mais interessantes do que outras bandas. Suas
próprias hipocrisias. Seus vícios, mas não o óbvio. Seus egos. Acho que fizemos
nossos inimigos muito interessantes”.
Em
30 de junho de 2009, eles proclamaram a abertura de outro espetáculo ao vivo
que desafiava a gravidade. A turnê “U2 360º”, pois foi de longe a experiência
mais envolvente para a banda. O incrível e revolucionário palco circular com a
tela cilíndrica e expansível de LED pendurada em uma estrutura de quatro pernas
tirada diretamente das páginas de alguns quadrinhos antigos de ficção
científica. A Garra era o apelido mais comum; outros chamavam de nave espacial
ou de estação espacial e permitiu que os fãs se aproximassem mais da banda do
que nunca.
110
shows, incluindo uma sexta-feira à noite como line-up no Glastonbury Festival
em 2011, abrangeram os cinco continentes em 30 países. A audiência total
totalizou inimagináveis 7,27 milhões de espectadores e arrecadou U$ 736,4
milhões. Esta turnê é um feito notável em escala mundial, desde seu estágio de
produção, até seus elementos de vídeo, tudo sobre escala, rota e performance.
Mais importante ainda, o U2 agitou poderosamente em todo o mundo.
Havia
o segredo que eles tinham há tantos anos: ter coragem e coragem para se
converter e permanecer, sendo o melhor em seu trabalho. Claro, isso envolve
ego; de fato, ele exige, como Bono disse com grande exuberância naquela entrevista
ao The Guardian.
"A
necessidade de ser amado e admirado não vem de um lugar particularmente
bonito", ponderou. "Mas as pessoas tendem a fazer muitas coisas boas
com isso. O ego, sim, mas o ego que está em todos os seres humanos que são
capazes de fazê-lo. Sem o ego, as coisas seriam muito chatas”.
Ficha
Técnica:
Lançamento: 27
Fevereiro, 2009
Produzido por: Brian Eno, Steve Lillywhite e Daniel Lanois
Engenheiros: Richard Rainey, Declan Gaffney, CJ Eriksson, Carl Glanville,
Tony Mangurian e Dave Emery
Selo: Universal - Island Records
Gravado em: HQ en Dublin, Riad El Yacout em Fez, Platinum Sound Recording
Studios em New York, e Olympic Studios em Londres
Track List:
1.No Line
On The Horizon
2.Magnificent
3.Moment
of Surrender
4.Unknown
Caller
5.I'll Go
Crazy If I Don't Go Crazy Tonight
6.Get On
Your Boots
7.Stand Up
Comedy
8.Fez -
Being Born
9.White As
Snow
10.Breathe
11.Cedars
Of Lebanon
Singles:
GET ON
YOUR BOOTS (19/01/2009)
- “Get On Your Boots” (Studio Version)
- “No Line On The Horizon” (Version 2)
- “Get On Your Boots” (Crooker's Remix)
MAGNIFICENT (04/05/2009)
- "Magnificent" (UK Edit)
- "Magnificent" (Edit)
- "Breathe" (Live from Boston, Mar, 11, 2009)
- "Vertigo" (Live from Boston, Mar, 11, 2009)
- “Get On Your Boots” (Justice Remix)
- "Magnificent" (Dave Audé Club Remix)
- "Magnificent" (Fred Falk full Club Mix)
- "Magnificent" (Adam K and Soha Club Mix)
- "Magnificent" (Redanka's 360 Remix)
- "Magnificent" (Redanka's 180 Remix)
- "Magnificent" (Wonderland Remix)
I'LL GO CRAZY IF I DON'T GO CRAZY TONIGHT (17/08/2009)
- "I'll Go Crazy if I Don't go Crazy Tonight" (Single Version)
- "I'll Go Crazy if I Don't go Crazy Tonight" (Fish Out of Water Remix)
- "I'll Go Crazy if I Don't go Crazy Tonight" (Dirty South Radio Mix)
- "I'll Go Crazy if I Don't go Crazy Tonight" (Dirty South Full Remix)
- "I'll Go Crazy if I Don't go Crazy Tonight" (Redanka's 'Kick the Darkness' Vocal Version)
- "I'll Go Crazy if I Don't go Crazy Tonight" (Redanka's 'Sparks of Light' Dub Version)
- "I'll Go Crazy if I Don't go Crazy Tonight" (Redanka's 'Kick the Darkness' Instrumental Version)
- "Magnificent" (Live from Boston, Mar, 11, 2009)
- "I'll Go Crazy if I Don't go Crazy Tonight" (Live from Boston, Mar, 11, 2009)
Nenhum comentário:
Postar um comentário